10 erros que cometemos aquando da comunhão

10 erros que cometemos aquando da comunhão

Eucaristia. O Santíssimo Sacramento. Comunhão.

Seja qual for o nome que lhe damos, este é certamente o momento mais elevado e solene de uma Missa, quando os devotos são chamados a aproximar-se do Mistério final, do pão que se torna o Corpo de Cristo, renovando de cada vez uma promessa de amor e salvação de dois mil anos de idade. O altar, o cálice, a pyx, a patena, todos se tornam instrumentos de um ritual antigo, mas sempre novo, que é consumido diante dos olhos dos devotos, mas principalmente nos seus corações e almas ansiando por fazer parte dele. O sacrifício de Jesus é consumido à frente dos Seus filhos, numa atmosfera solene e emocional. Para aqueles que realmente acreditam, para aqueles que sentem que o pão branco não é mais apenas água e farinha, mas o Espírito Santo preencheu-o com algo mais profundo e poderoso, é difícil conter as emoções. Assim é o momento da comunhão, sempre especial, mesmo depois de anos de repetição em todas as celebrações. Ou, pelo menos, assim deveria ser.

Receba a comunhão de maneira respeitosa

Há diferentes formas de nos aproximarmos do Santíssimo Sacramento, diferentes formas de receber o Corpo de Cristo: levando-o às nossas mãos, deixando o padre colocá-lo gentilmente na nossa língua, guardando-o até voltarmos ao nosso lugar. Tudo se resume a duas opções: receber a comunhão de forma respeitosa ou desrespeitosa.

Ninguém julga escolhas pessoais. Desde os tempos antigos, nas primeiras comunidades cristãs, as pessoas que se aproximavam da Eucaristia eram recomendadas a fazê-lo com grande respeito e devoção. As mãos devem estar limpas e ser colocadas de forma a se parecerem com uma cruz, as mãos das mulheres devem estar embrulhadas num véu e, em geral, era fundamental evitar qualquer ato que pudesse profanar o Corpo de Cristo naquele momento solene. A fim de reduzir ao mínimo essa possibilidade, na era medieval era obrigatório ajoelhar-se e receber a comunhão diretamente na boca, para expressar toda a devoção e respeito que tal ocasião exigia.
Mais tarde, o Vaticano II concedeu às dioceses a liberdade de decidirem se permitiriam que os devotos recebessem a Hóstia nas suas mãos ou diretamente na sua boca.
Mas, como mencionamos, receber a hóstia nas nossas mãos ou na nossa boca é apenas um dos aspectos relativos à maneira certa ou errada de nos aproximarmos do Santíssimo Sacramento. Para além da forma como escolhemos receber a hóstia, a atitude que temos quando o fazemos é mais importante. O que estamos prestes a receber é o Corpo de Cristo, em cada parte, em cada migalha. Para fazer isso, devemos ser cuidadosos, dar fé e respeito a cada ato, mostrar adoração e decência.

São Cirilo de Jerusalém escreveu isto já no século IV dC: “Quando se aproxima, não siga em frente com as palmas das mãos estendidas, nem com os dedos separados; em vez disso, com a mão esquerda, faça um trono para a sua mão direita, porque esta mão deve receber o Rei e, na cavidade da sua mão, receba o Corpo de Cristo dizendo Amém. Santifique os seus olhos atenciosamente, através do contato com o Corpo Sagrado, depois tome e tenha cuidado para não perder nada. Se você recebesse partículas de ouro, não tomaria conta delas com o maior cuidado, prestando atenção para não perder nada e não as danificar? Não prestaria muito mais atenção a algo mais precioso que o ouro e pedras preciosas, para que não perdesse uma única partícula? Depois de se ter ligado ao Corpo de Cristo, […] enquanto espera pelo sermão, dê graças a Deus, que o considerou digno de tais grandes mistérios“.
Isto porque cada Hóstia sagrada é o Corpo e o Sangue de Cristo, a Sua Alma e a Sua Divindade. Jesus está inteiramente presente nele, como o Concílio de Trento declarou: “Se alguém nega que, no sacramento da Santíssima Eucaristia, estão contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente, o corpo e o sangue juntamente com a alma e a divindade do nosso Senhor Jesus Cristo, e consequentemente todo o Cristo, SEJA ANÁTEMA”. (D. 883)
O Concílio também diz que Cristo está presente em qualquer fragmento, qualquer migalha da Hóstia. Também neste caso, negar esta declaração é digno de uma excomunhão. A transubstanciação garante que o Corpo de Cristo substitui a própria substância do pão, e como a substância do pão permanece a mesma mesmo nas suas migalhas individuais, assim todo Cristo está contido em cada parte, tão pequena quanto possível, da Hóstia, quebrada em pedaços e esmagada.
Mesmo depois da missa, as hóstias sagradas que não foram dadas guardam nelas o Corpo de Cristo e, por essa razão, devem ser armazenadas no Tabernáculo, onde são adoradas.
Além disso, os fragmentos de hóstias caídos durante a distribuição não devem ser pisados ou deitados fora, porque isso seria uma séria profanação.

O que fazer e o que não fazer quando recebemos a comunhão

Então, o que devemos fazer ou não fazer quando recebemos a comunhão, para não perdermos o respeito que arruinaria não apenas o ato em si, mas o Corpo de Cristo, que estamos prestes a receber?
1. Vamos começar com o ‘antes’ da Comunhão. Se puder, evite comer demasiado; pelo contrário, seria uma boa prática jejuar até depois da missa. Porquê? Porque aquilo de que nos estamos a aproximar é um grande banquete para a nossa alma, e não faria sentido nos preenchermos antecipadamente! A tradição do ‘jejum eucarístico’ é antiga, e foi passada ao longo do tempo com regras mais ou menos estritas. Hoje é suficiente jejuar pelo menos uma hora antes da comunhão.
2. Decida com antecedência se quer receber a Hóstia nas suas mãos ou na sua língua, se quer ficar de pé ou ajoelhar, para evitar movimentos repentinos e desnecessários. O padre deve ser capaz de entender as suas intenções imediatamente e agir em conformidade.
3. Se você optar por receber a Hóstia nas suas mãos, não faça movimentos bruscos, não estique muito os braços. Tem que deixar o corpo de Cristo pousar nas suas mãos e não pegar nele! Se você quiser receber a hóstia na sua boca, a melhor opção é manter as mãos juntas e firmes no colo.
4. Não use luvas quando receber a comunhão nas suas mãos. O que está prestes a receber é a coisa mais preciosa, pura e imaculada do mundo. Tenha isso em mente em todos os momentos.
5. Se escolheu receber a Comunhão na sua língua, a sua boca deve estar vazia. Parece óbvio e trivial, mas acontece com frequência haver devotos distraídos que se aproximam do Santíssimo Sacramento enquanto mastigam pastilhas ou doces. Escusado será dizer que isso é definitivamente inadequado.
6. Mantenha-se concentrado enquanto espera. Enquanto estiver na fila para receber a Hóstia, tente manter a sua mente focada no que está prestes a acontecer, no imenso presente que receberá em breve. Pensará mais tarde sobre os compromissos, preocupações, prazos, trabalho que planeou depois da Missa. Nesse momento, todo o seu ser deve estar apenas centrado na busca da graça que está prestes a receber.
7. Não se contenha. Deixe as emoções se assumirem. Como escrevemos no início, receber o Corpo de Cristo é um extraordinário milagre, que se renova a cada uma das vezes. É perfeitamente normal ser subjugado, ser tocado e não há nada de errado em ceder ao sentimento que surge nesses momentos, seja alegria, gratidão ou pesar.
8. Assim que a Hóstia estiver na sua boca, não faz sentido mantê-la lá por muito tempo. Uma espera adicional não dará mais realidade ao Corpo de Cristo, nem tornará a Comunhão mais solene. Pelo contrário, em certa medida, manter a Hóstia na sua boca durante muito tempo fará com que perca de vista a ritualidade do momento que está a acontecer. Deve ser consumida imediatamente; Haverá tempo suficiente para orar depois.
9. Nenhuma distração depois da Eucaristia. Mais uma vez, enquanto recebemos a Hóstia, enquanto está na nossa boca, devemos estar cientes do que está a acontecer e do imenso presente que nos foi dado. Sem distrações nem pensamentos erróneos ou inadequados.
10. Por último, e isso pode parecer trivial, tente não ser ingrato. Ser capaz de receber o Corpo de Cristo é um dom, mas não é um dado adquirido. Devemos considerar-nos sortudos por viver num país e numa época em que nos podemos aproximar livremente do Santíssimo Sacramento, sem medo de sermos perseguidos ou mesmo mortos pela nossa escolha de fé, o nosso credo. É importante ter isso em mente.