A apresentação de Jesus no templo é celebrada no dia 2 de Fevereiro. Também conhecida como a Festa da Purificação de Maria, ou Candelária, é uma festa que assumiu muitos significados diferentes e importantes ao longo dos séculos. Vamos descobrir quais.
A festa da Apresentação de Jesus no Templo tem sido importante desde a sua instituição no século IV d.C. Na verdade, representa uma junção muito significativa entre a história de Jesus e o cristianismo e a cultura judaica. O Antigo Testamento impôs regras muito rigorosas e estabeleceu cerimónias precisas que se seguiram ao nascimento de uma criança numa família, especialmente se se tratasse de uma criança do sexo masculino. A mulher que tinha dado à luz era considerada impura (Lv. 12) e tinha que passar por uma série de ritos de purificação antes de poder tocar novamente nas coisas sagradas e entrar no santuário. Além disso, todo primogênito masculino deveria ser consagrado ao Senhor e resgatado através de uma oferta simbólica, como sinal de gratidão pela libertação do povo judeu da escravidão no Egito (Êxodo 13:2 e Êxodo 13:11-16).
No Evangelho de Lucas (Lucas 2,22-40) lemos o episódio da apresentação de Jesus no Templo, que ocorreu quarenta dias depois de Seu nascimento. José e Maria conduzem o menino Jesus ao Templo em Jerusalém. Aqui se deparam com o velho Simeão, que tinha sido predito que não morreria antes de ver o Messias, e que tomando Jesus em seus braços o abençoa com estas palavras: “Agora, Senhor, deixa o teu servo ir em paz, segundo a tua palavra; porque os meus olhos viram a tua salvação, preparada por ti diante de todos os povos, uma luz para iluminar as nações e a glória do teu povo Israel”.
Mais tarde a Sagrada Família encontra a profetisa Ana, e ela também reconhece em Jesus o Messias.
Imagem da Sagrada Família: um símbolo para guardar em casa
A Sagrada Família, o modelo ideal para cada família, a encarnação do amor, da misericórdia e da humildade.
Este episódio serve para confirmar o que foi profetizado por Malaquias, o último profeta do Antigo Testamento, segundo o qual o reconhecimento do Messias teria lugar no Templo: “Eis que enviarei o meu mensageiro para preparar o caminho diante de mim, e logo o Senhor, a quem procurais, entrará no seu templo; o anjo do pacto, a quem desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos”. (Malaquias 3:1)
Festa da Candelária
Já tínhamos dedicado um artigo à Candelária, que coincide com a festa da apresentação de Jesus no Templo. É uma festa que celebra o triunfo da luz sobre as trevas, mas também o fim simbólico das festividades de Natal e o início da viagem pascal.
Neste dia, velas e círios são abençoados, simbolizando Jesus como a luz do mundo, a luz para iluminar as pessoas. Velas e círios abençoados são então distribuídos aos fiéis, como proteção contra o mal e a calamidade.
Como muitos festivais cristãos, a Candelária tem provavelmente a sua origem no paganismo. Na verdade, muitos festivais eram celebrados por civilizações antigas para marcar a transição das trevas para a luz, simbolizados pelo fim do inverno e o início da primavera. Em meados de fevereiro, os romanos celebraram o Lupercali, caracterizado pela iluminação de muitas lâmpadas e velas, mas também por ritos de purificação. Os Celtas, por sua vez, tiveram a festa de Imbolc, o “Dia de Santa Brígida”, que celebrou o fim do inverno e, em certas zonas, o início da primavera, no dia 1 de fevereiro.
Purificação de Maria
A festa da Candelária é há muito tempo uma festa mariana. Nos tempos antigos celebrava-se a 14 de Fevereiro e comemorava-se a purificação de Maria após o parto, realizada de acordo com os tempos e costumes caros à cultura e religião judaicas.
Hoje, o foco mudou da Mãe para o Filho, e o dia 2 de Fevereiro tornou-se a ocasião para celebrar a Apresentação de Jesus no Templo. Isto aconteceu após a reforma litúrgica decretada pelo Concílio Vaticano II. Contudo, a tradição da purificação das mulheres nesta ocasião permanece viva em muitos países, especialmente nas zonas rurais. Até recentemente, na Valnerina, na região das Marcas, todas as mulheres que davam à luz tinham de ir à igreja 40 dias após o parto para serem purificadas pelo sacerdote. A mulher tinha que se ajoelhar na soleira com uma vela acesa, o sacerdote a abençoaria ali, e então entrariam juntos, caminhando em direção ao altar, enquanto ela segurava a estola branca que ele usava.
Provérbios de candelabros
Também na esfera rural e popular estão os muitos provérbios e ditados associados com a festa da Candelária. No passado, era o dia em que os velhos das aldeias tentavam adivinhar como seria o tempo entre agora e a chegada da Primavera. Muitos provérbios estão ligados precisamente a esta dimensão ‘meteorológica’, como o famoso ditado do Veneto: ‘Se ce sole a candelora del inverno semo fòra, se rain e tira vento del inverno semo dentro‘, dos quais existem versões semelhantes na Lombardia e em Trieste. Na prática, acredita-se nestas áreas que se estiver sol no dia de Candelária, o inverno está quase no fim, enquanto que se estiver chovendo ou ventando, ele vai durar por um tempo ainda.
Na Toscana e na Emília, por outro lado, acredita-se ser exatamente o oposto: se neva ou saraiva na Candelária, o inverno não pode durar muito mais. “Se piove o se gragnola dell’inverno semo fora” (Se chover ou se chover, estamos fora do inverno) é dito na Toscana, enquanto em Bolonha: ‘Al dé dl’Inzariôla, o ch’al naiva o ch’al piôva dal invêren a sän fòra, mo s’ai é al suladèl a in arän anc anc anc un msarèl (No Dia da Candelária, se nevar ou chover, estamos fora do inverno, mas se fizer sol, ainda estaremos fora por um mês).